terça-feira, 5 de novembro de 2013

Transposição dos grandes vasos (TGA), comunicação interventricular (CIV), comunicação interauricular (CIA) e persistência do canal arterial (PCA) – Tiago, 11 dias


Uma gravidez sonhada e muito planeada...todos os cuidados, vitaminas e recomendações..... De cesariana às 39 semanas e 4 dias, nasce o meu bebé com 50cm e 3,340kg.....mas não chorou logo, como se sonha sempre......o silêncio e agitação invadiram o bloco operatório e o meu menino foi levado de incubadora para a neonatologia....."O que se passa???" - perguntei....mas ninguém respondeu....
 
 

Algum tempo depois, neonatologista e cardiologista pediátrico vêm falar connosco, algo estava mal com o coração do nosso bebé.....uma cardiopatia grave cianótica não detectada....
 

O mundo pareceu ruir e novas terminologias médicas invadiram os nossos sonhos, espaços e realidade......a explicação foi dada pelos médicos, mas no turbilão de emoções e do nascimento do nosso menino, tudo nos pareceu muito assustador nem sempre compreensível....
 
Uma transposição dos grandes vasos, as artérias do coração estavam mal posicionadas e não recebia o oxigénio que deveria receber, tinha de ser operado ou não havia possibilidade de sobreviver......
 
O mundo ruiu......o chão fugiu e a raiva, decepção e medo invadiram os nossos pensamentos...
 
O nosso filho foi transferido para o Hospital de Santa Cruz, 16 horas depois......um dos hospital especializados em cardiologia pediátrica.....desconhecia que tal existia para bebés e crianças.....
 
A primeira intervenção correu bem era aguardar pela grande cirurgia......mas porquê aguardar? porque não se fazia já? aquele tempo de espera.....mas porquê? porquê nós? porquê o nosso bebé??? foram minutos, horas e dias difíceis.......aguardar pacientemente e na enfermaria do Hospital de Santa Cruz tentar cuidar e mimar um bebé cheio de fios e ligado a máquinas......
 
Confiar nos médicos e enfermeiras, que, com todo o carinho, simpatia nos tentam explicar o que se passa, o que irá suceder....tudo é dito e nada é escondido, mas sempre com uma luz ao fundo do túnel, no meio de tanta confusão reina a esperança....
 
Com 11 dias entregámos o nosso menino para as mãos do Dr. Miguel Abecassis e da sua equipa e rezámos.... esperámos o melhor....e aguardámos..... 7 horas depois......as portas dos cuidados intensivos abrem-se e vejo uma cardiologista pediátrica a sorrir......entramos pé ante pé.......... onde está o nosso menino. São fios, máquinas, muitos equipamentos ligados a minúsculo bebé....e enfermeiros e médicos a seu lado a sorrir...."Correu bem!" diz o brilhante cirurgião.... Sentimo-nos felizes, aprendi o que é chorar de felicidade, ri e as lágrimas
correm-me pelo rosto...quero tocar no meu menino, mas são tantos fios e mal vejo o seu pequenino corpo, faço-lhe um carinho no ombro e falo com ele.... "Está anestesiado!" diz um médico......no fundo sei que sim, mas também sei que sente que ali estou....
 
Os dias passam e os fios são desligados e as máquinas e medicação são reduzidas, até que passados 4 dias um bebé para a enfermaria, sem fios....que estranho......é um bebé normal.....que medo, que turbilhão de emoções......
 
E temos alta, 21 passaram desde que o nosso filho nasceu.....levamos para casa um bebé normal......
 
Passados quase 4 anos, parece que tudo foi ontem e ao mesmo tempo, anos se passaram, as consultas e bons prognósticos, ajudaram a apaziguar o coração dos Papás, já que o coração do nosso menino, bate, saudável.....
 

Temos um reguila cheio de saúde e existem alguns dias que quase me esqueço do que sucedeu.....
 
Somos uns pais cheios de sorte, pois podemos trazer o nosso menino para casa são e salvo...a sua história de nascimento não foi das mais fáceis, nem das mais comuns, mas fica para a sua história, de como foi um bebé corajoso e cheio de força e superou a adversidade graças a uma equipa e um hospital dedicado que para sempre ficam guardados no nosso coração.

Joana, Mãe do Tiago
Conheça-nos melhor aqui http://milbrilhos.blogspot.pt/ 


5 comentários:

  1. Bem como me faz lembrar o meu Lourenço. Tenho que fazer o mesmo que vocês grandes mães, mas esta difícil passar tanta informação para o papel, sinto dificuldades em saber o que dizer, pois ele passou por tanta coisa. Adorei o teu testemunho. Muita saúde para vocês, pois os pais também precisam de ter muita saúde. :)

    ResponderEliminar
  2. Minha filha também teve de fazer cirurgia... Ela tinha (TGA)Transposição dos grandes vasos. O médico não deu nem 1% de chance dela sobreviver....mas para glória de Deus hj ela ta com 2aninhos e com muita saúde...

    ResponderEliminar
  3. Minha filha Damaris tb nasceu com (TGA) Transposição dos grandes vasos. Passou pela cirurgia agora em março de 2016 foi um sucesso o procedimento. Porem, mas tarde seu coração parou...Eu sinto tanta dor, queria entender o q houve de errado?

    ResponderEliminar
  4. Olá Joana, mãe do Tiago.
    Sou a Juliana, mãe do Frederico.
    O Frederico nasceu em 2002 com a mesma cardiopatia que foi corrigido no Hospital de Santa Cruz.
    Só lhe queria dizer que passados 14 anos o Frederico está ótimo :)

    ResponderEliminar
  5. boa tarde,
    li com muita atenção o meu filho passou exatamente pelo o mesmo, eu proprio vi coisas que jamais irei esqueçer.

    o Leandro hoje tem 9 anos tem uma vida "normal"
    ou seja desportos nao pode fazer por enquanto sao muito controlados devido a arteria pulmonar depois de ter sido feito o "switch" nao acompanhou o crescimento nestes 9 anos ja fez 4 cateterismos 3 deles com sucesso.
    o ultimo ja nao.
    a solução passa por um transplante da arteria pulmonar. caso que esta a ser estudado pelo Dr. Diogo de sta Marta.

    poderia estar aqui e dizer o que passei, as minhas tristezas, os dias dificies, mas prefiro auto motivar e saber que vai correr tudo bem até porque este transplante se tudo correr bem o Leandro terá uma vida mais tranquila sem ter de explicar porque ele nao pode jogar futebol por exemplo.

    se alguem tiver alguma duvida sobre o seu filho(a), estarei aqui dentro do possivel para esclarecer alguma coisa que possa ajudar.

    Filipe Cortegaça

    ResponderEliminar